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Com um coração bem cheinho de afeto, como sua marca, o Vieirinha completa 60 anos, com jeitão de menino, sediando um mundo de imaginação e conhecimento, construindo memórias afetivas levadas para o resto da vida. A unidade do Colégio Antônio Vieira destinada aos estudantes do 1º ao 7º ano do Ensino Fundamental (EF) tem mesmo a cara da infância, com espaços especialmente planejados para brincadeiras e aprendizagens múltiplas. Não à toa, foi inaugurado no Dia das Crianças, em 12 de outubro de 1964. Mais de meio século, portanto, de uma história de acolhimento e ressignificação que sempre torna o Vieirinha encantador para os alunos.

A unidade do Vieira destinada às crianças foi inaugurada pelo padre jesuíta Gino Raísa, SJ (1924-2017). Ele foi o primeiro subdiretor do espaço, tornando-se muito querido pela comunidade escolar. No início, o colégio era destinado apenas para meninos. Nessa época, havia 180 alunos, 90 do turno matutino e 90 do vespertino, com uma turma por série. As meninas só puderam ingressar na instituição cinco anos depois, em 1969, ainda assim somente no Ensino Médio. No Vieirinha, as turmas mistas só ocorreram a partir de 1973. “Era meu lugar no mundo, onde fiz amigos incríveis. O tamanho me fascinava, com tantas possibilidades de aprendizagem, além dos funcionários, que merecem um capítulo à parte: de uma doçura!”, lembra a jornalista Christina Miranda, que integrou a primeira turma com meninas do Vieirinha. 

“As minhas lembranças de Padre Gino são as minhas recordações mais tenras, mais carinhosas, mais afetivas que guardo da minha infância. Tive a felicidade de estudar no Vieira bem novinho, quando ainda era só para meninos. Que recordação maravilhosa: aqueles ‘babas’ que a gente batia com a fruta-pão ainda verde. E o padre sempre muito carinhoso com a gente, atencioso, tanto que, depois que eu passei para o Vieirão, eu continuei frequentando o Vieirinha, porque, para a gente passar aquele portal, era como voltar no tempo”, recorda, com saudade, o ex-aluno Ricardo Braga, administrador de empresas e publicitário.

Foi o Pe. Gino, SJ, quem também fundou a biblioteca infantil do Vieirinha, em 1965, um ano depois da inauguração. Para tanto, improvisou um espaço no corredor das salas de aula. Hoje, a biblioteca, que leva o nome do seu criador, está totalmente reformulada para atender à cultura da infância do tempo presente, mantendo-se, assim, como um dos locais preferidos da garotada. A reconfiguração da estrutura, com anfiteatro e estações para ler livros físicos e também digitais, permitiu ampliar as ações de incentivo à leitura e à escrita pelas crianças, como rodas de conversas com autores, contação de histórias, peças teatrais e apresentação de novidades do mundo literário. A Biblioteca Gino Raísa tem agora até uma versão virtual.

CONEXÕES REAIS

É, entretanto, no mundo real mesmo que as crianças fazem as principais conexões no Vieirinha. A biblioteca, o Auditório Mabel Velloso, o parquinho, as quadras, os pátios, as coloridas e decoradas salas de convivência e o equipado Steam Lab, laboratório para aprendizagem nas áreas de Ciências (Science), Tecnologia (Technology), Engenharia (Engineering), Artes (Arts) e Matemática (Mathematics), são estímulo para as aprendizagens múltiplas, além das próprias salas de aula, onde uma equipe qualificada de professores adota metodologias ativas que favorecem a aprendizagem das disciplinas, até mesmo aquelas geralmente consideradas mais difíceis, como Matemática e Redação.

Outro local muito querido do Vieirinha é o Espaço Criançando, um espaço verde e planejado, onde, por meio da relação com a natureza, as crianças podem compartilhar experiências marcantes, sejam nas aulas ou nas brincadeiras, todas sempre repletas de muita aprendizagem. Um espaço fincado na sustentabilidade e especialmente planejado para estimular as descobertas com mãos na terra e pés descalços, permitindo às crianças urbanas, em pleno turno escolar, explorar novos conhecimentos do mundo real, ampliando as alternativas de brincadeiras para além dos tablets, videogames, smartphones e demais ferramentas digitais. No local há um túnel sonoro feito de bambus e até um laguinho com peixinhos de verdade, que são atração diária para a garotada. Quem estuda no tempo integral ainda conta com espaços exclusivos, a exemplo do refeitório e salas de convivência. 

As crianças, por sua vez, retribuem com muito carinho todo o acolhimento e conhecimentos que vão conquistando no Vieirinha. no Vieirinha. “Gosto muito dos espaços e também de todo o afeto que encontro aqui, dos amigos, funcionários e dos professores, que me ensinam muito, todos sempre bem legais”, diz a aluna Ana Carolina Mota, do 5º ano EF. “Aprendo sempre coisas novas na sala de aula e outros locais do colégio, mas o Espaço Criançando é meu lugar preferido, onde a gente faz amigos e brinca de todo tipo de brincadeira, e ainda posso ficar vendo os peixinhos no lago”, revela o colega Lorenzo Sampaio, do 4º ano EF. 

DIÁLOGO PEDAGÓGICO

Os espaços de aprendizagem do Vieirinha exalam o projeto político-pedagógico do colégio para as crianças, sempre com foco na valorização da cultura da infância. A Pedagogia Inaciana, que se inspira nos ensinamentos de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, é a base da qualidade educativa do Vieira e dos mais de 840 colégios da rede de educação da Companhia de Jesus no mundo. A constante ressignificação para o tempo presente, inclusive em permanente diálogo com propostas educativas de vanguarda, é o que a torna um diferencial de excelência de formação integral na contemporaneidade. 

No caso do Vieirinha, a valorização da cultura da infância, a ludicidade, a pedagogia da escuta e o estímulo ao protagonismo das crianças são alguns pontos de convergência, por exemplo, com o que há de mais contemporâneo em Educação. A oferta de uma educação bilíngue e o uso de tecnologias digitais para fins educacionais estão entre as práticas de ensino-aprendizagem oriundas desse processo de renovação constante. “As inovações pedagógicas são, entretanto, adotadas sempre com muito discernimento, de modo que façam sentido aos princípios inacianos e ao perfil das crianças e jovens do século XXI”, frisa a coordenadora pedagógica, professora Eliana Fonseca.

Para tanto, os educadores do Vieirinha, assim como os do Vieirão (destinado aos estudantes pré-adolescentes e adolescentes), participam todos os anos de programas de formação, com especialistas nacionais, além da troca de experiências com unidades jesuítas de diversos países, por meio de eventos, reuniões online ou pela plataforma Educate Magis, ferramenta internacional da Companhia de Jesus para o compartilhamento de experiências pedagógicas.

“O Vieirinha, portanto, faz 60 anos como uma escola que está sempre aberta ao novo, que se atualiza o tempo inteiro e traz ainda esse contato harmonioso com a natureza, além de um acolhimento todo especial de sua equipe de profissionais, em um convívio de aprendizagem que é sempre marcante como parte de uma educação de qualidade”, conclui o coordenador-geral do Vieirinha, professor Renato Barros, que, assim como o Pe. Gino, SJ, o primeiro a ocupar o cargo, também tem construído, juntamente com as crianças, toda uma história de amor ao Vieirinha.

Fotos: Secom/CAV e arquivo pessoal.
Fonte: Revista Vieirense.