Palestra sobre Pedagogia Inaciana encerra atividades do Programa de Formação Docente 2021
Iniciado em julho em parceria com a Unisinos, ciclo de atividades foi concluído com formação da educadora Mariângela Risério
O Programa Continuado de Formação de Professores é um dos diferenciais que fazem com que o Colégio Antônio Vieira promova uma educação que está sempre voltada para o estudante do tempo presente. O ciclo de formação da equipe este ano foi iniciado em julho, com encontros virtuais realizados aos sábados, contando com facilitadores da universidade jesuíta Unisinos, do Rio Grande do Sul, e abertura das atividades pela mestra em Gestão Educacional, professora Ana Paula Marques, diretora acadêmica do Vieira. A própria Pedagogia Inaciana, desde os documentos primordiais jesuítas, a exemplo do Paradigma Pedagógico Inaciano (PPI), já prevê esse olhar atento da equipe ao contexto em que o estudante está inserido. Este foi, justamente, o tema do encerramento da edição 2021 do programa, no último dia 23, em formação ministrada pela professora Mariângela Risério, diretora-geral do colégio e também mestra em Gestão Educacional.
Ao tratar sobre “Pedagogia Inaciana: leituras do tempo presente”, a professora Mariângela Risério destacou o quanto as equipes pedagógicas dos colégios jesuítas em todo o mundo são preparadas pelas instituições para as possibilidades de ressignificação do currículo que compreendam e atendam às necessidades do estudante no contexto em que vive, bem como suas perspectivas. Isto, como ressaltou, sem que se perca de vista os princípios básicos de uma formação integral e integradora que compõem a matriz pedagógica da Companhia de Jesus – princípios estes idealizados por seu fundador: Santo Inácio de Loyola (daí o nome Pedagogia Inaciana).
“A Pedagogia Inaciana é a nossa coluna vertebral, é ela que nos sustenta. Dela nasce o nosso currículo e tudo o que a gente propõe e pensa dentro da escola. Então, constitui-se, para nós educadores, como um caminho, um itinerário existencial, um estímulo ao crescimento e descoberta de si”, disse a professora Mariângela, enfatizando o quanto o conceito de pedagogia está cada vez mais dissociado da antiga concepção técnica, puramente metodológica. “No caso da Pedagogia Inaciana, é algo muito maior, sendo ela muito mais identificada com as próprias teorias educacionais e pautada por suas intencionalidades na formação integral do sujeito, como em uma gestação eterna do que virá, do que vem pela frente, nesse futuro”, como frisou.
PEDAGOGIA CRÍTICA E INOVADORA
Com foco no tempo presente, a Pedagogia Inaciana prevê assim, segundo a professora, diálogos constantes ao longo do tempo e contextos, em um caminhar do educador junto com o aluno, considerando a leitura de mundo de ambos, para a construção de currículos e metodologias que podem ser mutáveis e mutantes, mas sempre amparados na matriz dos princípios jesuítas. “Por isso que ela é tão provocadora: o educador não pode ser um repetidor, limitando-se a ser um mero copista, um reprodutor das ideias dos outros. A Pedagogia Inaciana exige autoria do educador, que cada um de nós seja autor, dê corpo, dê vida, a esta arte, a essa ciência, a esse caminhar”. No que se refere à questão da inovação, a professora Mariângela Risério ressaltou que, na educação jesuíta, tudo se dá para além dos aparatos tecnológicos, envolvendo, de fato, o propósito de estar sempre se qualificando para melhor atender, atualmente, o aluno do século 21.
A educadora também destacou o papel do senso crítico. “A educação jesuíta questiona os nossos entendimentos de senso comum diários, nossas construções e subjetividades. Ou seja: como educadores precisamos ser críticos quanto a esse mundo que nos questiona, nos provoca”, declarou, completando: “Não dá para ser um educador inaciano sem pensamento crítico. É uma pedagogia que nos leva à lucidez existencial: tudo é permitido, mas nem tudo nos convém, sobretudo, numa sociedade em que o consumo e a imagem são valorizados sem medidas, moldando comportamentos que nem sempre condizem com a ética e os princípios da educação da Companhia de Jesus”.
POTÊNCIA DO PROFESSOR
Para a diretora-geral do Vieira, toda a concepção de valorização do itinerário existencial e de formação do educador, alinhada aos princípios primordiais da Pedagogia Inaciana, é um dos grandes diferenciais do Colégio Antônio Vieira. “Eu acredito na potência do professor. É ele quem confere DNA ao projeto da escola e é, por isso, que no Vieira buscamos sempre ter uma equipe qualificada, porque acreditamos que é isso que confere identidade a um projeto de educação jesuíta”. E concluiu em uma mensagem direta à equipe: “A diferença, a inovação, a qualificação, a arquitetura curricular passam pelo professor. É com vocês que a gente faz uma educação diferenciada e, por isso, vibro muito quando vejo a qualidade de tantos projetos voltados para a aprendizagem dos estudantes do 1º aninho do Fundamental ao Ensino Médio, diurno ou noturno. É a qualidade de vocês que faz a diferença”.
Antes da palestra da professora Mariângela Risério, a professora Ana Paula Marques agradeceu o empenho de todos os professores, especialmente nos últimos meses. “Foi um ano inusitado em que experimentamos, pelo menos, três modalidades de ensino, o que nos deslocou tanto, exigindo de todos nós coragem, criatividade e resiliência. Então, esse momento me traz cheia de gratidão por contar com essa equipe que abraça os desafios e se propõe nessa transformação”. Sobre a questão, a professora Mariângela também observou: “Estar em educação é um grande desafio e, mais do que nunca, no contexto que vivemos hoje. Ana Paula trouxe muito bem nossa gratidão sobre quantas reinvenções e ressignificações precisamos fazer: de métodos, de projetos, do ano passado até hoje”.
A FORMAÇÃO
O Programa de Formação Docente 2021 foi iniciado em julho, com a palestra da professora Ana Paula Marques que abordou a questão da historicidade dos currículos implicados com a transformação social. A partir do tema “Currículos Multirreferenciais: os Fios que Tecem essa Rede de Fazeres e Saberes”, a diretora acadêmica ressaltou que o currículo de ontem não é mais o currículo de hoje e como o Vieira e as instituições jesuítas atuam na construção da arquitetura curricular, como um sistema aberto e integrado a uma rede de saberes e fazeres, mas sempre pautado pelos princípios, valores e missão da Companhia de Jesus. Os professores da universidade jesuíta Unisinos (RS), Roberto Rafael Dias e Gustavo Borba, também participaram este ano das atividades de formação da equipe pedagógica do Vieira.
O professor Roberto Rafael trouxe reflexões, ao questionar se o acúmulo de conteúdos e informações da era digital dará lugar à experiência do professor, ressaltando também o papel do educador para a formação das novas gerações. Doutor em Educação, o professor Roberto Rafael enfatizou também o quanto hoje o inovar é muito mais renovar propósitos, ao abordar o tema “Do Princípio da Acumulação ao Princípio da Experiência: Perspectivas Curriculares para o Século 21”. Já o professor Gustavo Borba, que é coautor do livro “A Escola do Futuro: O Que Querem (e Precisam) Alunos, Pais e Professores” e diretor do Instituto para Inovação em Educação, trouxe a questão do sentir, do refletir, do pensar e do agir no fazer pedagógico. O tema abordado foi a “A Transformação do Currículo – Perspectivas Futuras e Cenários Possíveis”. Além da formação continuada, os professores do Vieira também se destacam em programas pessoais de pós-graduação, tanto na Unisinos quanto em outras instituições da Bahia e outros estados do País.
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