Conectados ao conhecimento, professores avançam no uso de tecnologias digitais
Usadas de forma crítica e ética, plataformas diversas consolidam-se entre recursos adotados para promover a aprendizagem
O uso de redes sociais e aplicativos, dentre outras plataformas digitais empregadas em prol da aprendizagem, tornou-se ainda mais frequente, nos últimos anos, no Colégio Antônio Vieira, estimulando o engajamento dos estudantes, a partir de ferramentas tão presentes atualmente no cotidiano das crianças e jovens. No Vieira, entretanto, ainda que prevista pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a imersão na cultura digital é promovida sempre de modo a fazer sentido para o Projeto Político-Pedagógico do Colégio – inclusive estimulando, paralelamente, a reflexão nos alunos sobre a adoção dos recursos no dia a dia, de forma ética e crítica.
O próprio tempo de exposição às telas foi um dos fatores considerados na programação das atividades remotas, assim como a segurança, a privacidade e os riscos de persuasão para fins mercadológicos ou ideológicos têm sido temas trabalhados nas aulas e leituras de livros e documentários indicados pela equipe pedagógica.
“Em 2019, antes mesmo da intensificação das atividades on-line por conta da pandemia, fiz um debate em todas as minhas turmas sobre ‘Os impactos das redes sociais na vida dos jovens’. Naquela ocasião, percebi que o tempo que meus alunos dedicavam às redes sociais era enorme e, quase exclusivamente, para compartilhar o seu dia a dia através de fotos e mensagens. Ou seja, os jovens subutilizavam as redes sociais”, conta a professora de História, Gigi Albuquerque.
Com a pandemia, a professora não só passou a estimular mais o uso das redes e aplicativos na apresentação de trabalhos escolares como resolveu ampliar a utilização dos recursos para expor os conteúdos da disciplina. “A ideia era agregar conhecimento histórico na rotina dos estudantes”, revela. “Escolhi o Instagram por ser uma das redes mais acessadas pelos jovens no Brasil e por possibilitar publicações em formatos variados: imagens, textos, vídeos nos Stories, SnapChat, Reels. Transformei, então, meu perfil, que era privado, em público e, em vez de publicações pessoais, passei a criar e publicar conteúdos relacionados à história”, narra a professora Gigi (@gigi_albuquerque_).
Coordenadora acadêmica, no Vieira, do projeto de simulação de Conferência das Nações Unidas (ONU Colegial), a professora Gigi ainda promoveu, por meio das redes sociais e aplicativos de conversa instantânea, a interação prévia entre organizadores e participantes do evento, que teve a primeira edição virtual em 2020, contando ainda com quatro perfis no Instagram.
ATUAÇÃO PLANEJADA
O professor de Biologia Ricardo Faria, mais conhecido como Prof. Ricardinho Bio, sempre foi um dos mais conectados ao uso das redes e demais plataformas digitais, como forma de estimular o interesse dos alunos pela disciplina. Muito antes da interação virtual imposta pela pandemia, ele já se fazia presente na internet com vídeos sobrea disciplina em canal no YouTube.
Nos últimos anos, o professor também profissionalizou o perfil no Instagram, que, além das postagens com dicas no Feed, permite o uso de recursos diversos, comoIGTV, Direct, Stories e lives. Outras ferramentas, como Facebook, Telegram, Padlet e podcast no Spotify, também passaram a ser adotadas pelo professor Ricardinho em prol da aprendizagem dos alunos.
Para o professor Ricardinho Bio (@ricardinhobio), “feito de forma ética e sempre atento aos limites, o uso da tecnologia digital para fins pedagógicos alinha-se com o previsto pela própria Pedagogia Inaciana do Vieira, voltada para a ressignificação constante para o tempo presente”, como frisa. Ele alerta, entretanto, que para realmente motivar crianças e jovens, sempre tão conectados às novidades na internet, é preciso muito planejamento. “Não bastar publicar um vídeo de uma aula tal qual em uma sala presencial. É preciso trabalhar com finalidade, estratégia e criatividade para que não se torne algo monótono, que não cumpra o propósito da aprendizagem”, explica.
“NÃO TEM COMO ERRAR”
No Vieirinha, os recursos também já são usados de forma moderada, conforme a faixa etária, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental. O professor Gabriel Mattos, de Geografia, é um dos que já tinham canal no YouTube para fins pedagógicos, antes mesmo da pandemia. “Percebi logo o retorno positivo dos alunos pelo elevado número de visualizações”, conta. Ele divulga conteúdos associados às aulas e apostou, em suas publicações, no bordão que sempre usa na classe e que o faz ser mais facilmente encontrado nas redes: “Geografia, não tem como errar” (@gabrielmattos_geografianaotemcomoerrar).
No Ensino Médio Noturno gratuito do Vieira, o professor Márcio Félix, também de Biologia, adotava aplicativos como Prezi e Padlet para apresentações, antes mesmo do contexto de aulas remotas. Ele já administrava um site, com conteúdo exclusivamente didático (100% Biologia). “As tecnologias são usadas como parte das metodologias ativas para estimular a aprendizagem e o protagonismo dos alunos”, diz ele, que também leciona no turno diurno. Ferramentas com simuladores de DNA ou para montagem de perguntas pelo aplicativo Quizizz e outras formas de gameficação, além da construção de mapas mentais e formulários eletrônicos, que geram, em tempo real, relatórios de aprendizagem, estão entre os recursos preferidos do professor.
ALUNOS APROVAM
O aluno Aliki Germano de Carvalho, da 2ª série do Ensino Médio Noturno, é um dos que frequentemente acessam o site 100% Biologia, do professor Márcio Félix. “O uso das redes e aplicativos pelos professores é um diferencial que os aproxima dos jovens, já que hoje nossa geração não se imagina sem a internet. Então, desperta ainda mais o nosso interesse pela matéria”, diz o estudante, que já apresentou trabalhos escolares em vídeos, usando aplicativos.
No turno diurno, a aluna Verônica Moraes, também da 2ª série EM, já usava Padlet, Canvas, YouCut para fazer mapas mentais, vídeos e outros projetos escolares. “É muitolegal um colégio que não se limita a ter somente provas tradicionais, permitindo que a gente possa também ter avaliações usando recursos tecnológicos que, por si só, jános motivam para a aprendizagem. Por outro lado, é interessante também ver professores disponibilizando conteúdos nas redes sociais, permitindo uma interação e aprendizagem que vai além da sala de aula”, afirma.
Matéria publicada na edição 2021 da Revista Vieirense. Clique e confira outras reportagens!
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