Contadora de histórias da Biblioteca do Vieirinha lança livro infantil
Obra aborda a questão da representatividade negra no universo das crianças
Com apenas sete anos, a pequena Ana vive com a mãe e o irmão mais novo, em uma pequena cidade da Bahia. Uma das coisas que a menina mais gosta de fazer, além de brincar com os amigos, é assistir aos desenhos de suas princesas favoritas. Até que ela começa a observar melhor e fazer perguntas inquietantes que levam à reflexão sobre questões como racismo e representatividade negra no universo infantil. O livro “Espelho, Espelho meu: a história de Ana” foi lançado há menos de um mês pela editora Viseu, e já é apontado pelos leitores como ótima opção para a garotada em tempos de quarentena. Para o Colégio Antônio Vieira, a obra marca a estreia de uma escritora muito especial para alunos e colaboradores: Sheyla Bastos, uma das contadoras de histórias na Biblioteca do Vieirinha.
Formada em Pedagogia, Sheyla trabalha há quase dez anos no Vieira, atuando na Sala de Leitura do 6º e 7º anos. Ela conta que a ideia do livro surgiu quando ainda estava cursando a faculdade e fez um trabalho, sobre a beleza da diversidade, para a disciplina Educação Infantil. “Na época, descobri, em minhas pesquisas, que existiam poucas obras sobre o tema que abordassem a questão de forma natural para as crianças”, conta. A história da personagem Ana, contada por Sheyla no curso de graduação, fez tanto sucesso que a autora decidiu publicar o livro que traz como principal mensagem “a valorização dos diferentes tipos e formas de beleza das pessoas”, como frisa.
O projeto logo contou com o apoio de colaboradores do Vieira que já conheciam o talento de Sheyla para contar histórias. “São grandes amigos que acreditaram no meu sonho e me deram muita força para realizá-lo”, diz a escritora, grata aos colegas vieirenses. A gestora das bibliotecas do Vieira, a bibliotecária Jaqueline Torres, engrossa o grupo dos incentivadores da nova escritora: “Para mim, não foi surpresa a escrita desse lindo livro por Sheyla, tendo em vista a sua sensibilidade e facilidade em criar e escrever, estreando com uma temática extremamente assertiva, que ressalta a importância da diversidade, autoestima e valorização da autoimagem do negro”.
VENDAS ON-LINE
Como o livro “Espelho, Espelho meu: a história de Ana” acabou sendo lançado em plena quarentena, a editora Viseu está fazendo as vendas on-line da publicação. Para comprar e conhecer detalhes técnicos sobre a obra, basta clicar no link abaixo, da editora Viseu. O livro custa R$ 24,90.
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PLANOS E POESIA
A bibliotecária do Vieira adianta que ainda pretende fazer um evento de lançamento do livro, exclusivo para alunos e colaboradores, na Biblioteca do Vieira – em um novo momento, mais seguro em relação à pandemia. Até lá, a nossa escritora ilustre já deve ter avançado nos projetos futuros de outras obras. Talentosa, Sheyla também é autora de músicas e poesias, mas adianta que o próximo livro deve ser, novamente, de história infantil. Quem quiser, entretanto, conferir os poemas de Sheyla Bastos pode seguir os perfis dela no Instagram @sheyla_bastos_) e no Facebook: Sheyla Bastos. Eis uma amostra!
Eu não sou Multicor
Vou contar para você
Como eu descobri minha cor
Mesmo eu tendo Espelho em casa
Não foi fácil, meu amor.
Alguns diziam: tu és mulata
Já outros, que eu sou mestiça
Ouvi de muitos que eu era índia
Já estava até com preguiça.
Preguiça de ser taxada de multicor
Toda hora era uma cor diferente
Teve momento que me retei
E falei: Para! Quero apenas ser gente.
Mas não parou por aí
Cabo Verde, da cor do pecado, parda e também moreninha.
Aff, o que realmente vocês querem?
A cor é minha, só minha.
Tanta confusão na minha cabeça
Que resolvi pesquisar
Se sou filha de mãe negra e minha avó é, também.
Se tenho a cor amarronzada
É porque sou Negra, meu bem.
A cor do meu pai é marrom
E nosso cabelo é liso de nascença
E por conta desse detalhe
Eu não sabia de onde vinha minha essência.
Mas para eu entender melhor
Fui ler sobre o COLORISMO
Que fala da pigmentação de cor
E parei com tantos achismos.
Não foi pela afroconveniência
Não foi para agradar ninguém
Foi somente para ter minha Identidade
De negra, mulher, e tudo que eu quiser ser, mais além…
Autora: Sheyla Bastos
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